sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Abigail Malhão Pereira: Innocent Look?

Abigail Malhão Pereira: Innocent Look?:
As crianças são a luz na escuridão, a coragem no medo, a força na injustiça, o amor no odio, a sinceridade na mentira, a voz no silencio.

Abigail Malhão Pereira: Innocent Look?

Abigail Malhão Pereira: Innocent Look?: "Alexandre Luis Filipe Emeline Marta"

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Deus



São lágrimas de orvalho que me fazem pensar


Que terra e céu se encontram no mar


Que na luz arraiada Ele cose a teia


Que na orla da terra Ele dobra a areia


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Suas mãos pirilampos escrevem na noite


Pequenas letrinhas de luz ardente.


Não há poeta que escreva assim


Nem flor que não cresça em jardim.


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Sua boca no bico do rouxinol


Seu expiro no vento que passeia


No calor que nos aquece do sol


Na chuva que cai e despenteia.


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Gosta de voar, de correr e nunca parar.


De cor e salteado faz a vida rodar


Cores mudam como quem quer agradar


Vidas correm com um novo andar


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Não há criança que não aprenda a andar


Não há pássaro que não aprenda a voar


Não há peixe que não aprenda a nadar


Nem amor que se aprenda a controlar.


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Há quanto tempo não olhas para o céu?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Parado



Tu és quem eu não posso amar


És a estrela que posso ver mas não tocar


Tu és a exclamação da interrogação


És o ser que me tira toda a noção


És o mecanismo que me acciona.


Tu és. Mas estás longe, fora de mim


E por isso a minha mente não funciona


E eu fico perdido sem início, sem fim.


És o sinal de pontuação que encerra um período


És o ser que sem ti, o meu mundo fica mais mudo


És a pausa na vírgula, o fim no ponto final


Estagnado esse é o meu estado actual.



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Estou parado porque não sei o que dizer-te


Estou parado e não sei o que escrever-te


Estou parado mas tenho medo de perder-te


Estou parado mas te amarei eternamente



.



Eu sou a extensão, o abstracto sem dimensões


Eu sou a bússola perdida sem direcções


Sou o A b c do abecedário numa página vazia.


Eu sou a abreviatura de uma voz insegura.


Mas com sentimento na forma mais pura


Que perdura mas a alma não cura.


domingo, 20 de setembro de 2009

O meu Universo



Estou perdido e sem mapa,


Não tenho destino nem caminho


Estou num campo aberto,


Sem direcção e sem rumo.



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Ouço a voz do silêncio,


Que me faz um barulho imenso.


Deixo discorrer a minha vida


E sugo-me para dentro


Da minha mente perdida.


E lá me encontro.


E encontro um espaço.


Estou na têmpora,


Numa fonte,


Numa região lateral


Num espaço uni universal.



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Estou numa projecção de uma galáxia.


Numa superfície interna de uma esfera celeste,


Onde não existe pontos cardeais.


Não tenho Norte, nem Sul, nem Este, nem Oeste.



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Não tenho cúmulos estelares atraindo-me,


Nem nebulosas galácticas iluminando-me.


Sou matéria interestelar sugada e perdida,


Para um buraco negro onde não há palavras.


Onde se fala uma língua estrangeira de mudo


E que não se encontra em mais nenhum mundo.



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Quem me dera nesta hora ser um ponto negro.







sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Droga num pedaço da minha memória

Porque te perdeste? Em droga te meteste,

Conheceste prisões, vi-te sem emoções.

Eu te amava, e acredita que chorava.

Eras meu amigo, eu queria contar contigo.

Eu choro escrevendo versos nesta poesia,

porque te adorava e amava sem hipocrisia.

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Em noites te vi levantar, droga ias comprar

Essa merda que vidas destrói, acredita o meu coração dói.

Perdeste amigos, foste rebelde, e de mim esqueceste.

Mas tinhas bom coração, apenas agias por impulso.

Estás na minha recordação, em mim és recluso

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Dizias sentir nostalgia, pensavas ter alegria.

Mas estavas enganado! Pensavas que eram belos fados,

Mas na verdade estavas drogado e estragado.

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Fugias de hospitais, dizias que eram coisas banais

Tinhas a doença, já não tinhas esperança e parecias uma criança.

Dizias estar condenado a nascença por essa droga imensa.

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Aquelas seringas que eu via no teu quarto, que pensavas estar escondidas,

pareciam um aborto num parto, eram cenas desmedidas.

A mãe as mandava para o lixo, mas logo apareciam noutro esconderijo.

Era a podridão, era comida de cão, era um rastilho de putrefacção,

em pólvora desmesurada que faziam-te ter a alma perdida.

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Durante dias lágrimas te escorriam pela cara

Choravas porque não conseguias vencer,

Dizias que estavas a espera de morrer.

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Tinhas amor mas perdeste a tua fada,

Perdeste aquela que te guiava

Perdeste o sentido do rumo na vida,

Perdeste a consciência e perdeste o fio a miada.

Deixaste tudo na vida, para ter essa vida perdida.

Amavas as pessoas, mas odiavas-te a ti próprio

E desistis-te de procurar um futuro mais sóbrio.

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Não sei se roubavas,

Mas certas pessoas enganavas.

Estavas num planeta estacionário

Num mundo parado no tempo.

Tinhas esse teu desejo de otário

que te estragava a vida no momento.

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Não giravas em torno do sol,

Mas de uma estrela apagada.

Que parecia estar enfeitiçada.

Giravas em torno de um universo transversal,

Num outro vortex universal.

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Um dia te segui pela noite, se soubesse ficava na cama

Era jovem demais para ver aquele drama.

Aos bandidos te juntaste, com droga te untaste

Que cena maldita, porque não te respeitaste?

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Em mim aquilo ficou profundamente marcado.

A mim um dia te confessaste, aquilo que eu já sabia

Que naquela vida estavas, que a droga em ti jazia.

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Um dia,

a droga por fim te venceu,

e morreste.

Quem sabe, não tenhas mais uma oportunidade

Para atingir o que te faltou, a maturidade

Sentidos

É tão bom acordar de manhã cedo!

Abraçar a vida, beijar a alegria,

Cumprimentar a esperança e não ter medo

De enfrentar mais um dia.

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Sentir um raio de sol a me acalmar,

A apaziguar as águas da minha vida.

Bom é acordar cedo e ainda ter luar.

Bom é levantar-me e ir passear.

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Ir ver.

Ir correr.

Ver a vida e sua sincronização.

Ver o pacto e toda a união.

Sentir a junção das partes,

Numa célula universal,

De cosmos e suas artes.

Quero ser uno, invulgar.

Quero ouvir a vida a tocar

Uma sinfonia singular.

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Ver a vida a surgir em cada canto.

Ver a vida a viver com encanto.

Ver em cada beiral um sincelo,

Branquinho, puro e singelo.

Sentir ainda a chuva miúda

das gotículas de orvalho.

Sentir fragrância ímpar,

Que é um infinitivo,

O do verbo amar.